É um tópico com grande potencial para ser cobrado, visto que essa é uma das doenças crônicas mais prevalentes da infância e adolescência, além de ter a cetoacidose diabética como uma grave complicação.
Definição e Epidemiologia
Doença crônica ocasionada pela destruição das células betapancreáticas, responsáveis pela produção de insulina. Na maior parte dos casos, a destruição das células do pâncreas é causada por autoimunidade, mas há casos conhecidos como diabetes idiopático (ou tipo 1B), em que não se tem evidências de processo autoimune. O DM1 é o tipo de diabetes mais frequente na infância, correspondendo a 90% dos casos. Apresenta dois picos de incidência, entre 5 e 7 anos e durante a puberdade.
Manifestações clínicas
Os sintomas clássicos do diabetes mellitus tipo 1 decorrem da hiperglicemia e compreendem polidipsia, polifagia, poliúria e perda de peso e, quando presentes, facilitam o diagnóstico. Crianças pequenas podem ter o diagnóstico retardado, devido à dificuldade de caracterização dos sinais clássicos, além do que muitos desses sintomas podem ser atribuídos a outras patologias mais prevalentes nessa faixa etária. Geralmente, o quadro se inicia de forma abrupta, podendo, eventualmente, surgir de forma insidiosa. Uma apresentação relativamente comum em crianças pequenas e meninas é a candidíase perineal
Diagnóstico
O diagnóstico precoce reduz os riscos de complicações agu[1]das e crônicas. Os critérios diagnósticos consistem em:
– Glicemia plasmática em jejum ≥ 126 mg/dl em pelo menos duas ocasiões;
– Sintomas de hiperglicemia e glicemia plasmática aleatória ≥ 200 mg/dl;
– Glicemia plasmática ≥ 200 mg/dl medida duas horas após uma carga padrão de glicose em um teste oral de tolerância à glicose (TTGO);
– Hemoglobina glicada ≥ 6,5% (esse critério é mais utilizado para o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2, em adultos).
Tratamento
O objetivo do tratamento é manter um bom controle glicêmico, reduzindo complicações e melhorando a qualidade de vida. A insulinoterapia exógena é a única forma de reposição insulínica, e o intuito é mimetizar a secreção basal de insulina. Também fazem parte do tratamento a monitoração glicêmica (recomendada, no mínimo, de 4 a 6 vezes ao dia), a prática de atividade física, o controle nutricional (importante para o adequado crescimento e para o desenvolvimento) e a orientação/esclarecimento do paciente e seus familiares.
Há vários esquemas terapêuticos, sendo importante que paciente e família estejam envolvidos nessa escolha, que depende tanto do tipo de insulina que será utilizada quanto dos hábitos da criança ou adolescente.
Mais comumente se administra uma insulina basal, com a finalidade de evitar a liberação hepática de glicose, e a lipólise no período entre as refeições, uma insulina durante as refeições, além de bolus de insulina, para correção da hiperglicemia pré e pós-prandial. As doses da insulinoterapia, administradas por via subcutânea, variam de 0,5 a 1,0 U/Kg, e, como não existe uma dose inicial padrão, o ajuste é feito de acordo com a automonitoração, realizada por meio da punção digital.