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TRANSTORNOS ALIMENTARES

28 de junho, 2021

Definição

Revalida 2017 – (…) adolescente com 16 anos de idade é trazida à Unidade Básica de Saúde (UBS) pela mãe, apresentando quadro de tristeza e amenorreia há 4 meses. A mãe relata que o comportamento da adolescente tem mudado desde que ela passou a frequentar o grupo de dança da comunidade onde mora, há um ano (…)

Distúrbios alimentares são comuns em adolescentes e adultos jovem e, atualmente, são classificados pelo Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais (DMS-V). Os transtornos alimentares são caracterizados por alterações do comportamento alimentar, podendo causar danos orgânicos e psicossociais. Constituem uma forma de autoagressão, sendo o alimento utilizado para suprir faltas psíquicas, tanto pelo excesso como pela carência, gerando grande morbimortalidade. O diagnóstico é complexo, tendo em vista a dificuldade de diferenciá-los de outras patologias clínicas que podem cursam com vômitos, alteração do humor e emagrecimento.

Principais transtornos alimentares

  • Bulimia

 É definida como compulsão alimentar associada a tentativas de interromper o ganho de peso por meio de vômitos pós-prandiais e uso de laxantes. O vômito autoinduzido representa um mecanismo compensatório utilizado, gerando um alívio ao desconforto ocasionado pela hiperalimentação, diminuindo, assim, o medo de ganhar peso. Jejuns prolongados e exercícios físicos em excesso também são for[1]mas de controle do peso, porém as técnicas purgativas, geralmente, geram maiores complicações. Segundo o DMS-V, os critérios diagnósticos são:

  1. Episódios recorrentes de compulsão alimentar;
  2. Comportamentos inapropriados compensatórios para prevenir o ganho de peso;
  3. Frequência de ao menos uma vez por semana, por 3 meses;
  4. Autoavaliação indevidamente influenciada pelo peso e aspecto corporal.
  • Anorexia nervosa

A anorexia nervosa é caracterizada por uma distorção da imagem corporal e por um medo obsessivo de ganhar peso e/ou gordura corporal, o que justifica a limitação da ingesta alimentar. Pode surgir em qualquer idade e em ambos os sexos, porém a prevalência é maior ao final da adolescência e nas mulheres. Muitas vezes, há um exagero na prática de atividade física, com intuito de perder calorias, e, no sexo feminino, a amenorreia pode acompanhar o quadro. Segundo DMS-V, os sinais diagnósticos são:

  1. Perda de peso acima de 15% peso ideal;
  2. Alteração da percepção da imagem corporal;
  3. Medo de ganhar peso;
  4. Parada da menstruação nas mulheres.
  • Compulsão alimentar

Caracterizada pela ingestão excessiva de alimentos. Segundo o DMS- V, os episódios de compulsão alimentar se associam a três ou mais dos seguintes itens:

  1. Comer muito mais rapidamente que o normal;
  2.  Ingestão de alimentos sem estar com fome;
  3. Comer sozinho por sentir vergonha da quantidade que está comendo;
  4. Comer até se sentir desconfortável;
  5. Sentir-se desapontado consigo mesmo, depressivo ou culpado depois do exagero alimentar.

Complicações

A privação alimentar pode culminar com desnutrição e associada a comportamentos purgativos ocasiona várias complicações clínicas, tais como: anemia, osteoporose, erosão dentária e cáries, aumentos nos níveis de transaminases, alterações hidroeletrolíticas, como a hipocalemia (risco de arritmia cardíaca e morte súbita), aumento das parótidas. Tanto a anorexia nervosa quanto a bulimia asso[1]ciam-se a transtornos do humor, de ansiedade e/ou de personalidade. O transtorno depressivo está presente em algum momento da evolução clínica.

As principais causas de óbito decorrem de doenças cardiovasculares, renais e suicídio.

Tratamento

Há casos graves que exigem internação hospitalar para abordagem das complicações decorrentes do transtorno alimentar. A orientação à família e o acompanhamento com uma equipe multidisciplinar, com integração médica, psicológica e nutricional, são de extrema importância terapêutica.